Aqueles imensos livros que catalogavam informações de “A a Z” não ocupam mais espaço nas nossas estantes. Na verdade, estantes de livros viraram artefatos decorativos em alguns lares. Em outros, são sintomas do conservadorismo de alguns intelectuais. As campanhas promovidas pelo governo para estimular a leitura, começam a nos soar ultrapassadas. Já as campanhas de inclusão digital, nos parecem absolutamente pertinentes. E, essa forma, os livros continuam custando muito caro, levando-se em conta a tão conhecida “lei da oferta e da procura”. A idéia agora é criar livros digitais.
No entanto, existem informações que não se encontra nos melhores livros, e nem o mais eficaz site de busca nos provê. Mesmo todo o estudo do mundo nos conserva ignorantes e não consegue abarcar alguns dados. Cientistas, médiuns, tarólogas ou videntes (levando em conta todo o meu ceticismo) não conseguem prever determinados fatos. Até a meteorologia anda falha.
Eu sempre busquei ampliar meus conhecimentos. Sempre acreditei que o aprendizado é como um espiral sem fim e que toda informação nos leva a outra numa seqüência interminável. Por essa razão, sempre investi na minha formação.
Num dia de feriado nacional, designei meu tempo livre à audiência de mesas redondas e debates num congresso da Associação Brasileira de Ensino da Psicologia. Depois de ter passado o dia digerindo informações tão ricas e complexas, justamente sobre educação e transmissão de conhecimentos, desliguei meu processador mental ao entrar no ônibus de volta para casa.
– 32. – respondeu o pai.
– E a mamãe?
– 29. – Respondeu a própria mãe. Mais uma pausa se fez para o menino compreender o que acabara de ouvir.
– E quando é que você vai morrer, pai? – o menino retomou o interrogatório.
– Eu não sei. Espero que daqui a muitos anos.
– E eu?
– Espero que nunca. – disse o pai com a intenção de expor algum afeto.
– E a mamãe?
– Depois de mim, espero.
– Mas quantos anos ela vai ter quando morrer?
– Eu não sei, filho. Essas coisas não se têm como saber. Só mesmo Deus sabe.
A resposta do menino foi certeira:
– Nossa, pai! Mas você não sabe de nada, hein?!
A era da informação a jato criou homens (ou meninos) famintos de respostas. O não contentar-se com o não saber é o que sustenta a ciência e, também, a fé das religiões e a fé no sobrenatural, nesses tempos de racionalidade e louvor ao conhecimento. Uma vez que a ciência não explique e a internet não responda, precisa-se crer na existência de uma instância superior que tudo sabe, tudo vê e tudo controla. Se, ainda assim, a resposta demorar a chegar ou nunca vir, pelo menos existe a esperança de que depois da morte tudo se explicará. Mesmo que não se tenha, a princípio, data marcada para morrer.
Sugiro aos meus nobres colegas psicólogos que comecem a rever as técnicas da psicanálise que consistem em não prover os pacientes de respostas. Caso contrário, os perderemos para os gurus espirituais, pastores, padres e afins... Bom, se essa saída servir para acalentar seus sofrimentos, ainda que sob a pena da alienação, não faz mal... Pensando bem, será que existe psicólogo nas instituições religiosas?